segunda-feira, 22 de março de 2010

Funerárias arrecadam contribuições e não cumprem o combinado no enterro

Fato já conhecio por muitos fuerários no Brasil mas que pouco é levado em consideração, vem sendo discutido pela SUSEP, mesmo não se tratando de Seguro. Ocorre que o crescimento dos planos de assistência familiar sem as reservas para garantias futuras pode deixar que muitas famílias não recebam pelo serviço contratado.
A muito tempo alerto que os planos da forma que estão configurados atualmente são como piramides, onde muitos contribuem para poucos utilizarem, mas chegará o tempo em que muitos utilizaram e não haverá recursos suficientes para fazer frente as despesas, mesmo considerando apenas os insumos do serviço. Trata-se de apenas constatação matemática, a forma que esta se administrando os planos o inviabilzam a curto médio prazo, resta saber o que se deixará para os sucessores das empresas funerárias, um legado ou maldição com muitas contas para pagar.
Leiam a reportagem e tirem suas próprias conclusões.    


Fonte:correio Brasiliense
Vicente Nunes e Victor Martins
Publicação: 22/03/2010 08:22

A Superintendência de Seguros Privados (Susep), órgão que regula e fiscaliza o mercado de seguros no Brasil, foi incumbida pelo Ministério da Fazenda de botar a mão em um vespeiro: trazer para a legalidade os planos mútuos ou auxílios-funerais, que prometem um enterro digno a quem pagou pelo serviço por anos a fio. Dados colhidos pelo governo mostram que 25 milhões de famílias contribuem, religiosamente, com parcelas entre R$ 10 e R$ 15 por mês a funerárias espalhadas pelo país, mas, na maioria dos casos, não há nenhum tipo de contrato garantindo o que foi acertado. Ou seja, pelo menos R$ 3 bilhões por ano estão engordando os caixas das funerárias, baseados apenas na confiança entre consumidores e empresários, sem qualquer fiscalização oficial.

Nos levantamentos realizados pelo governo, quase todo o dinheiro pago às funerárias por meio dos planos ou auxílios vai para o patrimônio pessoal dos donos das empresas. Em vez de formarem uma poupança para assegurar a prestação dos serviços quando solicitados, muitos empresários preferem comprar o carro do ano ou mesmo construir casas suntuosas, apostando que, com o fluxo de pagamentos, nunca ficarão no vermelho. A realidade, porém, é outra. O excesso de confiança e a certeza do dinheiro fácil estão levando a exageros, a ponto de empresas falirem e fecharem as portas, deixando na mão os que lhes foram fiéis por décadas.

Contrato de gaveta
A disseminação de funerárias vendendo auxílios funerais sem garantia e solidez financeira é gritante. Em Goiás, há casos em que não existem nem mesmo um carnê para comprovar os pagamentos efetuados. Um contrato de gaveta é assinado e um motoboy percorre, mês a mês, a casa dos clientes para cobrar o dinheiro do futuro enterro. "Sem o motoqueiro, a inadimplência aumenta muito. Se não tomar cuidado, de 30% a 40% da carteira de beneficiários dos planos deixam de pagar. Mas o contrato (mesmo que de gaveta) é claro: se não pagar por três meses seguidos, a pessoa perde o dinheiro e o direito ao auxílio", afirma o dono da funerária Boa Esperança, Fernando Viana, localizada em Valparaíso, distante 50km de Brasília.

Viana conta que chegou a ter uma carteira de mais de 2 mil clientes, mas ela não se sustentou. Inadimplência e desistências demais impediram a continuidade do serviço. Hoje, não chega a 50 o número de beneficiários atendidos por ele. "Não dá para sobreviver sem esses planos. Mas o dinheiro não vai para um fundo nem para uma conta. Vai para as coisas da funerária", diz o empresário.
Na empresa Bom Pastor, instalada no Pedregal, cidade distante 60km da capital do país, Igor Candido da Silva, o dono da funerária, montou uma carteira de 200 clientes. A mensalidade mínima é de R$ 15 - os valores variam de acordo com os serviços exigidos. Por mês, são R$ 3 mil arrecadados. Isso, se todos os clientes tiverem apenas o plano mais simples e arcarem com a dívida no dia certo. "Muita gente nos procura, vale muito a pena para a família não ter dor de cabeça. As pessoas pagam, no mínimo, 140 parcelas. A garantia para o cliente é a palavra do vendedor", enfatiza. Ele vai além: a depender do plano, as mensalidades podem se estender por 15 anos, para velórios que custam entre R$ 2 mil e R$ 3 mil.

Venda casada
Sem se identificar, o dono de uma empresa denuncia que as irregularidades não estão restritas às funerárias. Ele afirma que já prestou serviço para seguradoras e teve problemas. “Quase toda pessoa, quando faz um seguro de carro, um cartão de crédito ou um empréstimo, faz sem perceber um plano de assistência funerária. Tem gente que tem até mais de um plano desses. É venda casada”, destaca. "Quando prestei serviço para uma grande seguradora, se a apólice do cliente era de um enterro de R$ 3 mil, ela só repassava para a gente R$ 1 mil. E, se eu reclamasse, ameaçava não fazer mais os serviços comigo", assegura.

Saúde E Paz

Paulo Coelho

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