domingo, 9 de novembro de 2008

Edredom para defuntos


Edredom para defuntos
Cândido Prunes*
Já se foram os tempos em que os candidatos a defunto viam no “paletó e almofadinha” o máximo de conforto para a vida eterna. O negócio funerário no Brasil, como já foi registrado em outras ocasiões pelo Instituto Liberal, é um dos mais criativos e promissores. Os governos municipais, estaduais e Federal dão importantes contribuições para a pujança desse segmento da economia, garantindo aos agentes funerários um abundante fluxo de “clientes”. As autoridades não medem esforços para assegurar a falta de saneamento básico; para garantir que os hospitais públicos prestem os piores serviços; para manter a polícia desaparelhada e destreinada; e para conseguir o desarmamento da população, enquanto os bandidos andam com armas que nem as forças policiais dispõem.
Todo esse esforço vem sendo coroado de êxito. O setor funerário deve crescer nada mais nada menos do que 17% este ano, movimentando R$ 7 bilhões. Em breve estará puxando o PIB nacional e seus principais empresários serão recebidos em palácio.
Tanto isso é verdade que neste final de semana será promovido no Rio de Janeiro o IX Encontro Nacional dos Cemitérios e Crematórios. Os organizadores do evento certamente estão homenageando a Cidade Maravilhosa, pois dificilmente há no Brasil local onde haja tanto empenho para a expansão do setor. Como não agradecer ou retribuir com uma reunião de grande porte a falta de medicamentos no INCA – Instituto Nacional do Câncer? Ou a intervenção nos hospitais municipais, com o atendimento de doentes em barracas improvisadas nos parques da cidade? Ou a falta de saneamento básico nas favelas? Ou a corrupção e o despreparo policial que levaram a cidade a viver num clima de guerra civil?
Para aqueles que acham que a indústria funerária não está em plena expansão basta conhecer o último lançamento. Trata-se de um edredom estampado destinado a cobrir o defunto, dispensando assim o uso de flores. A empresa que fornece esses edredões vem crescendo a estonteantes 40% ao ano e já está de olho no mercado externo.
E, para a tranqüilidade dos mortos, os 600 participantes do evento no Rio de janeiro aprovarão um código de ética e a implantação de um programa de qualidade para o setor. Enquanto isso, para os vivos...

* Vice-Presidente do Instituto Liberal


Nossa Resposta


O Setor Funerário


O que é o setor funerário realmente, o que o compõe, quais são seus custos e quais são as suas subdivisões?
Primeiro precisamos entender estes pequenos aspectos para analisarmos este segmento tão complexo.
Inicio informando que o serviço fúnebre é um serviço público, essencial e de interesse local e que pode ser delegado a iniciativa privada, conforme Carta Magna brasileira art. I e V e Lei 7.783/89 art. X, Lei 8666, que regem serviços públicos e de interesse local. Dentro deste segmento necessitamos ainda distinguir o que é cemitério e crematório e o que é funerária, onde os primeiros são muito próximos, tendo legislação própria e a empresa funerária mesmo fazendo parte do sistema é totalmente diferente nos aspectos funcionais.
A saúde publica e a segurança no Brasil de fato continuam em estado de miséria, faltando questões básicas como infra-estruturas para as cidades, assim como a educação que poderia modificar todas estas questões a médio–longo prazo, mas não vem sendo feito, contudo dizer que o setor funerário se beneficia das falhas governamentais para auferir lucro é no mínimo equivocado, tendo em vista que esta população que não tem saneamento básico, alimentação adequada, acesso a medicamentos e médicos, entre outros direitos constitucionais engordam os caixas do segmento funerário é desconhecer o que de fato ocorre, mas que entendo ser positivo por permitir que muitos possam tomar conhecimento de algo que passa desapercebido, como os serviço sociais desempenhados pelas empresas funerárias.
Ocorre que as empresas em via de regra e como ocorre nas principais Capitais e nas cidade com maior população do nosso Brasil, são incumbidas de realizar os serviço fúnebres aos carentes de forma graciosa, sem receber nada por este serviço dos cofres públicos, e bem sabemos que quem morre por falta de acesso a remédios, médicos, saneamento básico, não podem pagar por seu serviço fúnebre, gerando sim, encargos a empresa, o que não se pode chamar de ganho, com este tipo de serviço, tendo em vista que normalmente é mais dispendioso que uma morte de causa clinica se comparada a causas violenta, que depende de IML/DML e tipo de preparação especial.
A grande parte da população desconhece esta situação que vem acontecendo desde a década de 30 no Brasil, empresas funerárias arcando com o serviço do carente; os cemitérios tem outra funcionalidade, onde dificilmente no município não haja um cemitério publico, pode ocorrer de não haver cemitério privado, mas o primeiro sempre haverá e desta forma a municipalidade disponibiliza espaço aos carentes.
Quanto aos acessórios, que visa exportação inclusive, é de fato um nicho de mercado que cresse, mas necessitamos ver em relação a que, se ontem pouco existia e hoje aumenta quarenta por cento, talvez não represente muito em números reais, mas no percentual é maravilhoso, mas o item específico que temos é um acabamento em cetim ou seda, que é utilizado para substituir flores, pois bem, primeiro vamos verificar o quanto custavam as flores... mesmo havendo diferenças entre as regiões do País e despesas de transporte, este chamado manto de flores variava entre R$ 150,00 e R$ 250,00 os modelos mais simples, ocorre que este acabamento em cetim, esta sendo cobrado no mercado entre R$ 80,00 e 120,00 dependendo da região, que aumento de venda é esse que se substitui algo mais caro por algo mais barato, ocorre que há sim um empobrecimento da população, as famílias que homenageavam seus entes gastando 10 salários mínimos por exemplo hoje estão fazendo gastando no máximo 6 salários, e exigem a mesma qualidade do serviço anteriormente utilizado, onde esta a classe média deste país, que é quem consome de fato, com o achatamento todos os setores sofrem e com o nosso segmento não é diferente. Esta havendo sim menor número de serviços por empresa, menor faturamento na média dos serviços realizados, aumento dos serviços a famílias carentes.
A busca da qualidade através de programas específicos é justamente para tentar alternativas e sair da atual crise que estamos vivendo, sem qualificação a concorrência irá dizimar o mercado, é isso que buscamos evitar.
Fico feliz que o segmento de cemitério tenha aprovado o código de ética, como o setor funerário o fez no passado, isso possibilitará que possamos nos organizar cada vez melhor, com fatores de respeito mutuo e entre clientes.
E passados mais de três anos desta matéria, segue o segmento funerário vivendo as mesmas dificuldades, sofrendo os mesmos preconceitos, contribuindo com a sociedade e com Governos sem receber a contra-partida, mas esclarecendo cada vez mais sobre o que ocorre neste serviço que tem custo elevado por se tratar de serviço que funciona 24 horas por dia ininterruptamente, que não vende caixão, mas sim acolhe famílias para homenagear seus entes queridos, disponibilizando uma estrutura de empresa de grande porte mesmo sendo familiar, que na maioria das localidades brasileiras atende cerca de 10 atendimentos por mês o que inviabilizaria qualquer empresa, mas que através da dedicação e altruísmo de seus Diretores que tem como missão de vida auxiliar as comunidades se superam, tornando-se muitas vezes escravos de suas empresas.
Mesmo sendo pouco reconhecido o Diretor Funerária sabe que esta fazendo sua parte para que o País cresça e isso é o mais importante, o reconhecimento virá como conseqüência deste trabalho.
Saúde e Paz
Paulo Coelho
Presidente ANEF

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